Espaço cultural da Fundação Pierre Verger ©FV – 2020
La Bouche du Monde contou durante esses meses com a aconchego da Fundação, pé no chão baiano pelo grupo de pesquisa, recebendo diferentes momentos de transmissão de dança na sala de dança, de analises e troca, podendo contar com contatos, consultas da riquíssima bibliothèque do Pai Fatumbi, e preciosos conselhos.
Além d’isso a Fanny Vignals volta sempre, ao longo deste processo, ao carinho e o conhecimento da Dona Egbomi Cicí, que alem de uma transmissora dos saberes do seu Pai Fatumbí e da sua vivencia de iniciada em uma importante casa de candomblé, è uma fonte incrível de saberes na relação entre cantiga e dança. Fanny afirma: «Não è só a voz dela que conta. Um gesto dela conta tudo, cada movimento do seu ombro ou da sua mão carrega toda intenção da dança, a energia e a função bem precisa de cada gesto.»
Na sexta feira, dia 13 de março, Fanny, os seus colaboradores e o Espaço Cultural convidaram o publico da Fundação ao evento Movimentos Trocados no qual La Bouche du Monde em processo foi apresentado com demonstrações práticas. A plateia foi muito tocada de descobrir o processo desse trabalho, as questões éticas e culturais que atravessam o procedimento de uma artista-pesquisadora branca e estrangeira nas terras afro-brasileiras, imergindo-se nessa matéria sensível, chegando depois de anos incorporando gestos, andamentos e passos, virando uma segunda cultura, escolhida. Um outro corpo dançante, transformado pelos caminhos e cruzamentos.
As palavras do professor de dança afro e artista Negrizu parabenizaram esse trabalho que dá muito valor ao movimento e a imersão a partir do corpo, vendo neste a construção de uma filosofia do corpo em movimento como abordagem cultural. Pra ele esse andamento se junta a toda ebulição que o mundo da dança conhece atualmente abrindo os olhos sobre essa riqueza que as danças extra-europeias de origem ancestrais e particularmente negras tragam por todos nos.